sábado, 28 de agosto de 2010

Eder Jofre

EDER JOFRE.

Nos anos 1950 as noitadas de Box eram na sexta feira. O ginásio do Pacaembu viu grandes lutas em que se destacava Paulo de Jesus como uma das boas esperanças de campeão. Porem um Argentino acabou com essa esperança ganhando por nocaute. Veio a revanche e outra vitoria do Argentino. Depois Paulo de Jesus passou a ser um lutador de jornadas normais e derrotou Milton rosa por nocaute , numa luta em que Milton Rosa ficou com parte do corpo paralisado, Tinha também Paulo Sacoman, Pedro Galasso que chegou ao titulo Sul Americano.
Em 1957 despontou um jovem lutador filho de um técnico já famoso Kid Jofre, Era Eder Jofre que como amador teve um grande adversário um Argentino Ernesto Miranda numa luta que teve gente que chegou a dizer que o Argentino havia ganhado e ouve patriotada com os juízes dando empate.
Os dois se tornaram profissionais e a primeira luta como profissional Eder venceu por pontos numa luta muito contestada pelos Argentinos. Ai as lutas já eram no ginásio do Ibirapuera inaugurado em 25 de janeiro de 1957. Teve a revanche também no Ibirapuera, e nessa luta eu estava próximo ao corner de onde ficava um dos lutadores.
Quando veio a noticia de que alguém do staff do lutador Argentino jogou um envelope com o corpo de uma moça nua com o rosto da Cidinha noiva de Eder. Quando a luta começou Eder foi com tudo pra cima do Argentino, que não agüentou dois assaltos. Uma saraivada de golpes no fígado e baço. Fez o Argentino ficar ajoelhado bem próximo onde eu encontrava, e o ginásio lotado vibrava. O Argentino ficou por ali mesmo e o arbitro da luta levantou o braço do brasileiro. Eder tinha se tornado campeão Sul Americano.
Quando o Argentino saiu do Ring, apanhou dos espectadores que sabiam do que havia acontecido antes da luta. Eder já era ranqueado e ia em busca do titulo mundial. A luta que credenciaria Eder Jofre para disputar o titulo foi com um mexicano Joe Medel, no Olimpic Auditorium, em Los Angeles. Mais de três mil espectadores estavam no mesmo ginásio que Eder tinha derrubado Joe Medel.


Era uma quinta feira as 21 horas e aqui, hora da madrugada, com os brasileiros ouvindo a transmissão de Pedro Luiz pela radio pan-americana. Foi uma luta em que os dois poderiam ir a nocaute. Houve uma troca de socos que vinha de todos os lados pelos dois contendores, que chegou ao ponto de não haver mais técnica. Eder chegou a ser derrubado, mas levantou e ouviu do seu pai e técnico Kid Jofre. Vai que sua mãe esta torcendo por você. Eder sangrava pelo nariz, e num golpe de esquerda pegou o rosto do mexicano e um forte golpe de direita acertou a mandíbula do seu adversário que caiu e não levantou. Essa luta foi como uma eliminatória para o titulo mundial para a disputa do titulo mundial dos pesos galos até 53,524 kg. Seu adversário agora, seria o mexicano Joe Becerra, o campeão mundial que se recusou a lutar com Eder deixando o titulo vago.
Três meses depois da luta contra Joe Medel, Eder ia disputar o titulo mundial contra Eloy Sanches, outro Mexicano e nessa luta Eder não teve muito trabalho para nocautear seu adversário. Finalmente tivemos um campeão mundial.


Todas as lutas que Eder fazia no Ibirapuera eu estava lá. E vários lutadores encardidos vinham para lutar contra o nosso campeão. Um americano que não lembro o nome tomava pancada uma atrás da outra e não caia. Os mais entendidos diziam que o adversário de Eder estava sonádo.
Sonádo é o lutador preparado para receber os golpes e não sentir. Já em outra luta Eder pegou um Chileno chamado Claudio Barrientos, Eder bateu no cara do começo ao fim da luta. Ele caiu 10 vezes e levantava, e conseguiu ficar os 10 assaltos de pé perdendo por pontos, quem ia ao ginásio queria ver sangue, e quando saia do ginásio sem haver um nocaute saia frustrado. Certa ocasião teve uma luta exibição do Eder contra um lutador brasileiro que nem ranqueado era. Lembro-me como se fosse hoje, foi no dia seguinte que nasceu o primeiro filho de Eder, A luta em favor de uma instituição, estava sendo levado em banho Maria. E um golpe um pouco mais forte no fígado levou o adversário a nocaute, e o próprio Eder o ajudou a se levantar. E eu já não agüentava maios em ver a luta como se desenvolvia e gritei, Eder manda preá lona! Quem não gostou foi um homem do meu lado que disse meio bravo. É uma luta exibição rapaz!
Eder colocou o titulo em jogo varias vezes, e em 1965, foi ao Japão e como sempre tinha problemas com peso, no dia da luta fiava enrolado em cobertor, ou então cuspindo o dia todo para perder peso, que o desgastava na hora da luta.


Mesmo no verão Eder tinha que se enrolar em cobertores para emagrecer, e manter o peso dos galos, 53 kg.


Para nos brasileiros Eder ia ao Japão e como sempre ia encher a cara do japonês Masahico (Fighting) Harada, de pancada e seria mais um a beijar a lona. era um dia de meio de semana, aqui no Brasil era nove horas da manhã e todos de ouvido no radio para ouvir a transmissão de Flavio Araujo pela radio Bandeirantes a única emissora brasileira presente no Japão. A torcida era grande, mas o japonês com barba por fazer e roçando o seu rosto ao do brasileiro, conseguiu segurar Eder levando a luta até o final, e surpreendentemente com vitoria do japonês. Um resultado bastante contestado pelos brasileiros. Houve a revanche e como o Japonês era o detentor do titulo. Para o locutor esportivo Fiori Giglioti, que apenas irradiava futebol. a barba por fazer do japonês irritou Eder que perdeu a concentração. Mas havia a revanche e segundo os entendidos o "raio não cai duas vezes no mesmo lugar". Eder foi a revenche com nossa esperança de ele voltar de lá com o titulo reconquistado. Mas ele voltou mais uma ves derrotado por pontos, desta vez sem contestação alguma.
Eder mudou de categoria por causa do peso e foi para a categoria peso leve, onde também chegou ao titulo, mas para isso teve que fazer varias lutas, e numa dessas ele lutou contra um adversário oriental, que também era outro “joão teimoso “ que não ia a nocaute. Seu manager colocava um tubo com um liquido em seu nariz, o que chamou atenção de um expectador a meu lado a beira do rink que gritava para o juiz. Curi veja o que é isso que ele cheira. A luta foi até o fim e a vitoria por pontos.

domingo, 22 de agosto de 2010

Gilmar dos Santos Neves

Gilmar dos Santos Neves, 80 anos.

Gilmar do Santos Neves nasceu em Santos em Julho de 1930.
Com 15 anos de idade foi jogar bola no C A Jabaquara o “Leão do macuco”. Sei lá por que, mas a verdade é que ele foi jogar no gol e no campeonato paulista de 1950, Gilmar sofreu 53 gols no correr daquele campeonato e não era de interesse do Jabaquara, e quando o Corinthians em 1951 foi comprar a grande revelação do campeonato Ciciá médio volante do Jabuca, e ao ser sacramentado o negocio os dirigentes do Corinthians com surpresa ouviram: - Olha levem esse nosso goleirinho.
E Gilmar veio de graça para o Corinthians e a imprensa escreveu que ele veio de contra peso.
Já em 1951, ele foi guindado a titular no lugar de cabeção também da mesma idade e nascido no mesmo mês Julho. Quando chegou o mês de Novembro de 1951 veio o jogo contra a Portuguesa de desportos a grande aza negra dos grandes do futebol e armazém de pancadas dos pequenos. E naquele dia Gilmar teve o azar de ver pela frente Julio Botelho (Julinho) com o diabo no corpo, marcando 4 gols na sempre lembrada goleada de 7 x 3.
Como sempre os dirigentes colocam a culpa em algum jogador. E essa culpa caiu em cima do goleiro que já era apelidado de Girafa. Chovia a “cântaros” naquele domingo e os diretores da Portuguesa queriam adiar o jogo, já que Julinho não estava nas melhores condições físicas. Os dirigentes do Corinthians “expertos” rejeitaram a idéia, e deu no que deu, justamente quem parecia não estar bem acabou com o jogo, e quem levou a culpa foi o goleiro Gilmar que foi afastado e ficou praticamente um ano na reserva.

O pior de tudo é que chegaram a pensar que ele estava na gaveta (artifício de amolecer jogo) Foi isso o que mais magoou Gilmar.
Ele voltou a ser titular e deu a volta por cima, sendo inclusive o responsável pelo titulo do IV Centenário de 1954. Implicância no Corinthians contra ele sempre teve no parque São Jorge a tal ponto que em 1961, ele teve que sair e foi justamente para um clube da cidade onde nasceu. Santos.

sábado, 7 de agosto de 2010

Arthur Friendereich

Arthur Friendereich
O primeiro grande craque do futebol brasileiro



* Meu pai viu Friendereich jogar muitos anos, dizia ele que Fried era mulherengo e pouco ligava para o dinheiro. Ganhava muito dinheiro por parte de torcedores endinheirados. Eles iam até o vestiario e diziam:
- Fried se você marcar dois gols te dou tanto. A quantia não era pouca.
O Clube Atlético Paulistano era um clube da nata da sociedade abastada, e dinheiro para aquela gente não fazia falta. Após a partida em que geralmente ele marcava gols o dinheiro entrava em seu bolso no próprio vestiário e dali. Ia ele e os demais iam para a farra. No dia seguinte dinheiro já não havia mais.
Disse meu pai ainda, que certa vez um "Janota" lhe ofereceu um carro esporte se ele marcasse dois gols, ele marcou e saiu do campo montado no carro. Foi para a noitada, junto com os amigos, e no dia seguinte voltou para casa a pé.
Depois que deixou o futebol trabalhou por muitos anos na Cervejaria Antártica Paulista.
Não morreu na Rua porque o São Paulo FC sucessor do paulistano alugou uma casa para ele morar.
* Texto de Mário Lopomo


** Arthur Friedenreich (1892-1969), filho do comerciante alemão Oscar e da lavadeira brasileira Matilde, nasceu mulato de olhos azuis, no bairro da Luz, em São Paulo.
Foi um dos maiores jogadores do futebol brasileiro e, segundo o Guinness Book (o Livro dos Recordes), o maior artilheiro de toda a história do futebol, com 1.329 gols marcados ao longo de 26 anos de carreira.

Na realidade, Fried marcou apenas 1.239 (nesse caso, é superado por Pelé, com comprovados 1.282). O livro "Gigantes do Futebol Brasileiro" inverteu os algarismos em sua primeira edição e foi o responsável pela confusão. Neste ano (1962), Mário de Andrada disse ao jornalista Adriano Neiva da Motta e Silva, que tinha todas as fichas de todos os jogos de Fried, podendo provar que o craque tinha jogado 1.329 partidas, marcando nada mais nada menos que 1.239 gols. Andrada, porém, morreu antes de mostrar as fichas a Adriano.
Mas, se em número de gols o Tigre ou Fried (apelidos pelo qual era conhecido) não foi superior a Pelé, na média ele conseguiu tal façanha. Nas 561 partidas catalogadas pelo historiador Alexandre Costa, tendo como referência pelo menos dois jornais, Correio Paulistano e O Estado de São Paulo, o atacante marcou 554 gols. Uma média de 0,99 gols por partida, contra 0,93 de Pelé.

Até hoje historiadores tentam, em vão, descobrir quantos gols fez "Fried" em sua carreira. Sabe-se apenas que o pai, Sr. Oscar, chegou a anotar em um caderno os primeiros gols do filho.
Em 1918, o atacante confiou a tarefa ao colega do time CA Paulistano, Mário de Andrada, que seguiu a trajetória do craque até a última partida de sua carreira, em 21 de julho de 1935, no jogo Flamengo 2 a 2 Fluminense (não marcou gols).

Iniciou sua carreira no futebol ainda adolescente na cidade de São Paulo, nos clubes Germânia (atual Pinheiros), Mackenzie, Ypiranga e o Paulistano, que hoje são apenas clubes sociais e já não atuam no futebol profissional. Começa a se destacar pela imaginação, técnica, estilo e pela capacidade de improvisar. A sua posição de origem foi a de centro avante. "El Tigre" acabou introduzindo novas jogadas no futebol brasileiro, na época ainda amador, como o drible curto, o chute de efeito e a finta de corpo.

Antes do início das partidas, alisava o cabelo com gomalina para ficar mais parecido com os colegas de gramado. Foi artilheiro do Campeonato Paulista oito vezes, a começar pelo campeonato paulista de 1912, com 16 gols, jogando pelo Mackenzie. Em 1929, pelo Paulistano, foi artilheiro pela última vez do campeonato com 29 gols.

Fried, na Seleção Brasileira

Na chamada fase "pré-seleção brasileira", vestiu a camisa do selecionado nacional pela primeira vez em 1912, no jogo contra o selecionado paulista (Brasil 7 a 0) - fez dois gols. Disputou a primeira partida pela seleção brasileira "oficial", em 1914, diante do time inglês Exeter City, nas Laranjeiras, em que o Brasil venceu por 2 a 0. Sua despedida aconteceu em 1935, em um jogo contra o River Plate, no dia 23 de fevereiro, no qual o Brasil ganhou por 2 a 1. Friendenreich fez pela seleção principal 23 jogos e marcou 12 gols (incluindo a fase pré-seleção). Já na seleção de veteranos, em 1935, disputou 2 jogos e marcou 2 gols.

Em 1919, no Estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, tornou-se uma celebridade internacional, vestindo a então camisa branca da Seleção Brasileira. Depois de mais de 120 minutos de partida, fez o único gol do jogo contra o Uruguai, dando o título sul-americano ao Brasil. Foi carregado em triunfo e apelidado pelos uruguaios de El Tigre. Não disputou nenhuma Copa do Mundo.

Excursão ao exterior
Uma excursão do Paulistano à Europa em 1925, deu a ele a chance de participar de um marco histórico do futebol do país. No dia 15 de março, pela primeira vez, um time brasileiro jogava no "velho continente". Ele comandou a goleada de 7 a 2 na França, que deu início a uma série de outras vitórias. E é apelidado de "roi du football" (rei do futebol).

A grande decepção de Fried
Uma atitude infeliz do presidente da Liga Paulista, Elpídio de Paiva Azevedo, causou uma das maiores decepções de Friendenrich na carreira. Após saber que a comissão técnica da Seleção não teria nenhum paulista, o dirigente impediu a ida de jogadores do estado para a Copa do Mundo, no Uruguai. Assim, "El Tigre" nunca sentiu o sabor de disputar uma Copa do Mundo.

Abandonou a carreira aos 43 anos, em 21 de julho de 1935, quando ele vestiu a camisa do Flamengo (mas não marcou gols) num 2 a 2 contra o Fluminense.
Títulos:
Campeão Paulista em 1918, 1919, 1921, 1926, 1927 e 1929, pelo Paulistano e, em 1931, pelo São Paulo da Floresta

Campeão Brasileiro de Seleções Estaduais, por São Paulo em 1920, 1922 e 1923

Campeão Sul-Americano pela Seleção em 1919 e 1922.
Campeão da Copa Rocca em 1914 (primeiro titulo da seleção na história)

Clubes na carreira: Germânia, Atlas, Ypiranga, Mackenzie, Paulistano, São Paulo da Floresta, Internacional, Atlético Santista e Santos, todos de São Paulo; Dois de Julho/BA, Atlético/MG e Flamengo/RJ

Artilharia
Campeonato Paulista:
1912 - 16 gols, pelo AA Mackenzie
1914 - 12 gols, pelo CA Ypiranga
1917 - 08 gols, pelo CA Ypiranga
1918 - 23 gols, pelo CA Paulistano
1919 - 26 gols, pelo CA Ypiranga
1921 - 33 gols, pelo CA Paulistano
1927 - 13 gols, pelo CA Paulistano
1929 - 29 gols, pelo CA Paulistano

Faleceu aos 77 anos, em um casarão, cedido pelo São Paulo FC, na Rua Cunha Gago, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, vítima de arteriosclerose.

** por Sidney Barbosa ........22/07/2008