Julinho nasceu no bairro da Penha, Iniciou a carreira aos 20 anos como ponta direita do Palmeiras da Penha, mas foi no time do Banco Cruzeiro do Sul que jogava contra os aspirantes do Ypiranga na preliminar de Juventus x Ypiranga pelo campeonato paulista que Cillo Neto presidente do Juventus ficou abismado com sua atuação.
E mal o arbitro apitou o final da partida ela correu até Julinho pegou o pelo braço e fez assinar o contrato, e logo na semana seguinte ele jogou contra o XV de Novembro em Jaú. Começava ali a despontar ali um dos mais brilhantes atacantes do futebol brasileiro. Sua passagem pelo Juventus durou apenas oito meses, Fluminense, Palmeiras e Portuguesa passaram a disputar o seu passe e a Portuguesa de Desportos pagou 300 mil cruzeiros e o levou, onde ficou até 1955.
Esse um dos maiores times da Portuguesa 1952, Não perdia dos grandes, mas do pequenos times sim, por isso não era campeã
Jogou a Copa do Mundo de 1954 na Suíça onde se destacou marcando três gols. Fez 31 jogos pela seleção marcando 13 gols. Pela Seleção, Julinho foi também campeão pan-americano, em 1952, da Copa Roca e da Taça do Atlântico, em 1960. Na Portuguesa foi duas vezes campeão do Torneio Rio São Paulo, 1952 e 1955. Dizem que foi treinar no Corinthians quando tinha seus 18 anos de idade sendo dispensado, um dos motivos que segundo ainda as mesmas línguas, sua mãe disse para ele jamais jogar no time do Parque São Jorge, coisa que ele cumpriu até mesmo depois da morte dela. Por coincidência Julinho sempre foi o grande carrasco do Corinthians, vitoria de 7 a 3 no primeiro turno do campeonato paulista de 1951, Julinho marcou 4 gols e no segundo turno novamente vitoria da Portuguesa por 4 a 3, ele teve atuação destacada.
Logo após ser campeão pela Portuguesa em 1955 ele foi vendido a Fiorentina da Itália, pelo preço de 5,5 milhões de cruzeiros, até então a maior negociação de um jogador do futebol brasileiro. Logo no ano seguinte foi campeão italiano pela Fiorentina. Foi considerado o principal jogador do time campeão italiano em 1956. Mas sua Penha lhe dava muita saudade, e em 1958 voltou ao Brasil e foi contratado pelo Palmeiras clube que ele defendeu até 1967.
Mas logo que vestiu a camisa do palmeiras teve pela frente o Corinthians no mês de Agosto dois ou três meses depois de ser contratado. Pouco antes de terminar o primeiro tempo recebeu uma entrada violenta do zagueiro Olavo, e saiu de campo de maca. Só voltou a campo quando o jogo estava perto dos dez minutos do segundo tempo. E quem pagou o “pato” foi o zagueiro esquerdo Oreco driblado a todo o momento caindo quase em cima da bandeirinha de escanteio. Era novamente o Corinthians sofrendo com a presença do endiabrado ponteiro direito.
No ano seguinte 1959 foi campeão paulista pelo palmeiras, repetindo a dose em 1963, e em 1966. Campeão do torneio Rio São Paulo pela terceira vez agora defendendo o Palmeiras, em 1965, o time que já tinha o apelido de “academia” e novamente campeão do Rio São Paulo em 1967, agora chamado de “Robertão” pelo fato de ter dois clubes fora do eixo Rio São Paulo. O Grêmio e Internacional de Porto Alegre.
Na Itália Julinho era idolatrado, sempre que a Fiorentina fazia sua festa de aniversario ele era convidado a comparecer mesmo depois de já ter parado de jogar, coisa que fez até bem pouco tempo antes de falecer. Num Bar sua mesa e cadeira ficaram como peça em exposição sem que ninguém pudesse usar.
Foto - 13 de maio de 1959, Brasil 2 x 0 Inglaterra, o jogo da grande vaia que se transformou em aplausosEm 1959 no dia 13 de maio, num amistoso internacional realizado no Maracanã, o técnico Vicente Feola, o escalou em lugar de Garrincha, e quando o auto falante disse seu nome se ouviu a maior vaia de todos os tempos. Mas quando ele marcou o primeiro gol e deu o passe para Henrique Frade fazer o segundo, as vaias se transformaram em palmas e na saída do gramado mais de 100 mil espectadores o aplaudiram de pé, sendo aquela a maior consagração a um jogador paulista num tempo em que havia “guerra” futebolística entre São Paulo e Rio.
Julinho nunca foi esquecido. Duas décadas depois de deixar a Itália ele recebeu do Viola Clube Mário Fratechi, uma das torcidas uniformizadas da Fiorentina, troféu como “o primeiro scudetto Viola”. Seu prestigio não se limitava ao Brasil e Itália. Em fevereiro de 1961 foi fundado em Lima, no Peru, o “Club Atlético Julinho”, quem duvidar pode conferir. A flâmula esta pendurada com destaque no velho quarto da casa da Penha, até pouco tempo atrás estava pintada da cor violeta da Fiorentina. Hoje elas estão pintadas de branco.
Nos anos 1960, quando Julinho jogava pelo Palmeiras eu estava como sempre na geral do Pacaembu, para mim o melhor lugar do estádio para assistir o jogo, a cada jogador do Palmeiras que pegava a bola era vaiado por um Corintiano que estava próximo a mim. Quando Julinho recebeu uma bola ele disse: esse eu respeito!
Julinho nunca foi esquecido. Duas décadas depois de deixar a Itália ele recebeu do Viola Clube Mário Fratechi, uma das torcidas uniformizadas da Fiorentina, troféu como “o primeiro scudetto Viola”. Seu prestigio não se limitava ao Brasil e Itália. Em fevereiro de 1961 foi fundado em Lima, no Peru, o “Club Atlético Julinho”, quem duvidar pode conferir. A flâmula esta pendurada com destaque no velho quarto da casa da Penha, até pouco tempo atrás estava pintada da cor violeta da Fiorentina. Hoje elas estão pintadas de branco.
Julinho capitão do Palmeiras 1960, antes do jogo Palmeiras 0 x 1 Penarol em Montevidéo, no segundo jogo no pacaembu o resultado foi de 1 x 1.
Nos anos 1960, quando Julinho jogava pelo Palmeiras eu estava como sempre na geral do Pacaembu, para mim o melhor lugar do estádio para assistir o jogo, a cada jogador do Palmeiras que pegava a bola era vaiado por um Corintiano que estava próximo a mim. Quando Julinho recebeu uma bola ele disse: esse eu respeito!
Meu Personagem da Semana
(Nélson Rodrigues)
Manchete Esportiva
Rio de Janeiro, maio de 1959
Amigos, Julinho começou a ser o meu personagem da semana a partir do momento em que o vaiaram. Foi, até, se me permitem a expressão, trágico. Insisto: trágico! Quem estava lá viu ou, por outra, ouviu. No instante em que o alto-falante do Maracanã anunciou Julinho em lugar de Garrincha, o estádio entupido foi uma vaia só. Menos eu. Eis a verdade: - eu não apupei, embora preferisse Garrincha. Parecia-me que o escrete sem o "seu" Mané era um mutilado. Na pior das hipóteses, eu achava que o Feola devia ter posto os dois: - Julinho na ponta direita e Garrincha na esquerda. Mas um técnico tem razões que a razão desconhece. Puseram só Julinho e esqueceram o Garrincha. Verificou-se, então, o amargo e ululante desagrado da multidão. Naquele momento, ninguém se lembrou, no Maracanã e fora dele, de quem é Julinho na história do futebol brasileiro. Sim, amigos: - o homem andou pela Itália e quando voltou nós o olhamos, de alto à baixo, como se fosse um gringo qualquer ou pior do que isso, como se fosse um perna de pau. Não há nada mais relapso do que a memória. atrevo-me mesmo a dizer que a memória é uma vigarista, uma emérita falsificadora de fatos e de figuras. Por exemplo: - ninguém se lembrava de que, no mundial da Suíça, contra os húngaros, Julinho fizera um carnaval medonho. De certa feita, driblara toda a defesa contrária para finalizar com uma bomba e que bomba! O arqueiro nem viu por onde a bola entrou. Esse gol Foi uma obra-prima e devia estar numa vitrine de turismo, para a admiração pateta dos visitantes. Pois bem: - ao ser anunciada a escalação de Julinho, a nossa memória apresentou-nos a imagem não autêntica, não fidedigna do craque, mas de um quase penetra do escrete.
Ao ouvir o apupo,, eu fui um pouco oracular para mim mesmo. Imaginei o seguinte vaticínio:
- “Julinho vai comer a bola!" Podia parecer uma piada e, no entanto, era uma grave profecia. Eis a verdade: - para o jogador de caráter uma vaia é um incentivo fabuloso, um afrodisíaco infalível. Imagino que Julinho a de ter entrado em campo crispado da cabeça aos sapatos ou, retifico, às chuteiras. Nunca um craque foi tão só. Era um único contra duzentos mil. Mas homem de brio indomável, Julinho aceitou a luta: - bateu-se contra a multidão que o cercava por todos os lados, disposta a crucificá-lo em outras vaias. Mas se nós tínhamos e esquecido Julinho, Julinho não estava esquecido de si mesmo. Foi Julinho em cada um dos 45 minutos, foi sempre Julinho e só Julinho. Em inúmeras ocasiões o que ele fez com o adversário foi pior que xingar a mãe. E o primeiro gol, ah, o primeiro gol! Ele o marcou contra os ingleses, sim, mas também contra os que o vaiaram. Enfiou a bola de uma maneira, por assim dizer, sádica. Jamais houve um gol tão amorosamente sofrido como este. A partir da abertura da contagem, todo mundo passou a reconhecê-lo, todo mundo admitiu para si mesmo:
- "Este é o Julinho !" E era.
Ele não parou mais. Aquela multidão se arremessara contra ele como um touro enfurecido. Pois bem: - ele agarra o touro a unha e lhe quebra os chifres. Então, aconteceu o milagre. O ex-touro brabo, já manso, tornou-se em outro bicho. Sim, amigos: - do primeiro gol em diante, a multidão transformou-se a "macaca de auditório" de Julinho. Se ele apanhava a bola, os duzentos mil espectadores arreganhavam o riso enorme e já gozavam, por antecipação, o que o Julinho iria fazer. Vejam vocês as ironias da vida e do futebol: - de um momento para outro, o vaiado, o apupado, o quase cuspido, transformava-se num triunfador. E, de fato, Julinho foi grande. Nos pés de Julinho a jogada se enfeitava como um índio de carnaval. De certa feita, como um, dois, três, quatro e quase entra com bola e tudo. Imagino que, neste momento, Lord Nelson há de ter perguntado, lá do alto, para o mais próximo companheiro de eternidade:
- "Quem é esse cara ?" O "cara" era Julinho, sempre Julinho.
Assim é o brasileiro de brio. Dêem-lhe uma boa vaia e ele sai por aí, fazendo milagres, aos borbotões. Amigos, cada jogada de Julinho foi exatamente isso: - um milagre de futebol.
Amigos, Julinho começou a ser o meu personagem da semana a partir do momento em que o vaiaram. Foi, até, se me permitem a expressão, trágico. Insisto: trágico! Quem estava lá viu ou, por outra, ouviu. No instante em que o alto-falante do Maracanã anunciou Julinho em lugar de Garrincha, o estádio entupido foi uma vaia só. Menos eu. Eis a verdade: - eu não apupei, embora preferisse Garrincha. Parecia-me que o escrete sem o "seu" Mané era um mutilado. Na pior das hipóteses, eu achava que o Feola devia ter posto os dois: - Julinho na ponta direita e Garrincha na esquerda. Mas um técnico tem razões que a razão desconhece. Puseram só Julinho e esqueceram o Garrincha. Verificou-se, então, o amargo e ululante desagrado da multidão. Naquele momento, ninguém se lembrou, no Maracanã e fora dele, de quem é Julinho na história do futebol brasileiro. Sim, amigos: - o homem andou pela Itália e quando voltou nós o olhamos, de alto à baixo, como se fosse um gringo qualquer ou pior do que isso, como se fosse um perna de pau. Não há nada mais relapso do que a memória. atrevo-me mesmo a dizer que a memória é uma vigarista, uma emérita falsificadora de fatos e de figuras. Por exemplo: - ninguém se lembrava de que, no mundial da Suíça, contra os húngaros, Julinho fizera um carnaval medonho. De certa feita, driblara toda a defesa contrária para finalizar com uma bomba e que bomba! O arqueiro nem viu por onde a bola entrou. Esse gol Foi uma obra-prima e devia estar numa vitrine de turismo, para a admiração pateta dos visitantes. Pois bem: - ao ser anunciada a escalação de Julinho, a nossa memória apresentou-nos a imagem não autêntica, não fidedigna do craque, mas de um quase penetra do escrete.
Ao ouvir o apupo,, eu fui um pouco oracular para mim mesmo. Imaginei o seguinte vaticínio:
- “Julinho vai comer a bola!" Podia parecer uma piada e, no entanto, era uma grave profecia. Eis a verdade: - para o jogador de caráter uma vaia é um incentivo fabuloso, um afrodisíaco infalível. Imagino que Julinho a de ter entrado em campo crispado da cabeça aos sapatos ou, retifico, às chuteiras. Nunca um craque foi tão só. Era um único contra duzentos mil. Mas homem de brio indomável, Julinho aceitou a luta: - bateu-se contra a multidão que o cercava por todos os lados, disposta a crucificá-lo em outras vaias. Mas se nós tínhamos e esquecido Julinho, Julinho não estava esquecido de si mesmo. Foi Julinho em cada um dos 45 minutos, foi sempre Julinho e só Julinho. Em inúmeras ocasiões o que ele fez com o adversário foi pior que xingar a mãe. E o primeiro gol, ah, o primeiro gol! Ele o marcou contra os ingleses, sim, mas também contra os que o vaiaram. Enfiou a bola de uma maneira, por assim dizer, sádica. Jamais houve um gol tão amorosamente sofrido como este. A partir da abertura da contagem, todo mundo passou a reconhecê-lo, todo mundo admitiu para si mesmo:
- "Este é o Julinho !" E era.
Ele não parou mais. Aquela multidão se arremessara contra ele como um touro enfurecido. Pois bem: - ele agarra o touro a unha e lhe quebra os chifres. Então, aconteceu o milagre. O ex-touro brabo, já manso, tornou-se em outro bicho. Sim, amigos: - do primeiro gol em diante, a multidão transformou-se a "macaca de auditório" de Julinho. Se ele apanhava a bola, os duzentos mil espectadores arreganhavam o riso enorme e já gozavam, por antecipação, o que o Julinho iria fazer. Vejam vocês as ironias da vida e do futebol: - de um momento para outro, o vaiado, o apupado, o quase cuspido, transformava-se num triunfador. E, de fato, Julinho foi grande. Nos pés de Julinho a jogada se enfeitava como um índio de carnaval. De certa feita, como um, dois, três, quatro e quase entra com bola e tudo. Imagino que, neste momento, Lord Nelson há de ter perguntado, lá do alto, para o mais próximo companheiro de eternidade:
- "Quem é esse cara ?" O "cara" era Julinho, sempre Julinho.
Assim é o brasileiro de brio. Dêem-lhe uma boa vaia e ele sai por aí, fazendo milagres, aos borbotões. Amigos, cada jogada de Julinho foi exatamente isso: - um milagre de futebol.