domingo, 4 de abril de 2010

Cassius Clay

Cassius Clay - Muhammad Ali

*-O mundo do Box tinha um campeão que parecia ter vida longa com o titulo mundial em suas mãos. Era Sonny Liston. O passado de Sonny Liston atual campeão mundial de todos os pesos (1963), era um criminoso com 19 passagens policiais e, diversas prisões por delitos de roubo, assalto a mão armada em plena rua e tentativa de assassinato. Liston era pobre, sem instrução, teve má companhia e gangsters que o seduziram.
Lá conheceria gente pobríssima, vivendo em estado que Liston nunca chegou a sofrer. Se vida pobre, se miséria fosse a condição razoável de crime, milhões de pobres teriam carradas de desculpas para a pratica de roubos e assaltos. Após cada prisão, tornou-se mais revoltado, mais irado, mais perigoso e anti-social, até que o capelão da prisão o levou à prática de pugilismo, insinuando
**– “Você pode tornar-se campeão do mundo”, ainda que Liston nada conhecia da arte. Dava pancadas sem se impressionar com os golpes dos adversários. E esta é a sua arte ainda hoje, pois pouco aprendera. Também não precisa. É caso único na história do pugilismo. Liston, era o portador da coroa do Box mundial. Já tinha enfrentado pugilistas com golpes excepcionalmente potentes. Recebeu-os sem pestanejar, impassivelmente, e foi avançando até que pôde aplicar seu coice, liquidando o adversário, tenha ele os golpes fracos ou da máxima potência.Geraldine, mulher e secretária de Liston, lê as cartas que o afamado campeão ainda não consegue decifrar. O antigo “fora da lei”, agora milionário por intermédio de algumas poucas pancadas, apresenta-se com relógio de ouro maciço e com igual anel, no mínimo , munido de diamante.

Cassius Clay em 1964. 22 anos de idade, praticamente um desconhecido que entrava no rink
para desafiar o campeão Sonny Liston, que todos imaginavam que ia trucidar esse jovem

*-Em 1964 Sonny Liston, teria uma luta com um lutador jovem, rosto liso sem ter tomado muita pancada. Quem via as fotos de ambos tinha dó adversário de Liston, cujo nome era desconhecido, mas carteador. Vou ganhar desse cara, “porque eu sou bonito, e ele muito feio”.
Muitos risos porque no Box isso não teria influencia nenhuma, mas servia para chamar atenção para um lutador que estava iniciando praticamente sua carreira e desafiava o campeão do mundo com mais de 100 kilos um brutamontes alto e com cara de ser muito ruim. Era uma luta comum mais uma que os espectadores iam ver um adversário no chão com a cara amarrotada
**- Cassius Clay entrou no ringue Miami Beach vestindo um roupão curto, bordado nas costas com a inscrição “The Lip”(O Lábio). Rápido, esbelto e 22 anos. Pela primeira vez na vida, sentiu medo. O ringue estava cheio de pugilistas de futuro ou decadentes, de segundos e de empresários. Clay os ignorou. Começou se aquecendo, jogando o peso do seu corpo de um pé para o outro, arrastando-se desanimado no inicio, como um maratonista de dança às dez para ameia noite, mostrando aos poucos mais velocidade e prazer. Após alguns minutos, Sonny Liston, campeão mundial dos pesos pesados, atravessou as cordas e pisou na lona, cauteloso como se entrasse numa canoa. Usava um roupão com capuz. Seus olhos baços não traiam a preocupação, eram olhos mortos de um homem que jamais recebera favores da vida e nunca dera moleza a ninguém. Não pretendia começar logo agora, com Cassius Clay.
Praticamente todos os cronistas esportivos presentes no Miami Convention Hall esperavam ver Clay terminar a noite beijando a lona. Robert Lipsyte, jovem repórter de Box do New York Times, recebeu um telefonema do editor ordenando que estudasse bem o trajeto entre o ginásio e o hospital, para não se perder no caminho se tivesse que seguir Clay até lá. As apostas eram desfavoráveis a Clay na base de sete contra um, mas era quase impossível encontrar alguém disposto a aceitar uma aposta. Na manhã da luta o New York Post publicou um artigo de Jackie Gleason, o comediante da televisão mais popular do país, que dizia – “Prevejo que Sonny Liston vencerá aos dezoito segundos do primeiro round e a estimativa inclui os três segundos que o Boca de Sino vai levar consigo para o ringue”.
Até os financiadores de Clay, o Grupo de Patrocinadores de Louisville, esperavam um fiasco. O advogado do grupo, Gordon Davidson, negociou duramente com a equipe de Liston, presumindo que aquela seria a última noite do rapaz num ringue.
Davidson torcia apenas para Clay terminar “vivo e ileso”.
Na noite de 25 de fevereiro de 1964, a luta começou. De preto e branco, Cassius Clay deixou seu córner saltitando e imediatamente começou a circular no ringue, dançando, dando voltas e mais voltas no tablado, aproximando-se e afastando-se, a cabeça virando para um lado e para o outro, como se quisesse se livrar de um torcicolo no inicio da manhã, como leveza e Fluidez.
Liston, um touro imenso cujos ombros davam a impressão de bloquear o acesso à metade do ringue, deu o bote, soltando um jab de esquerda. Errou por centímetros. Naquele momento, Clay começou a mostrar o que poderia acontecer naquela noite em Miami, e também algo que introduziria no boxe e nos esportes em geral, a união da massa com a velocidade. Um sujeito grande não tinha mais que se arrastar, podia socar como um peso pesado e se mover como Ray Robinson .

O tempo foi passando e Cassius Clay dominava a luta.Liston exibia dois olhos roxos. Envelhecera uma década em quinze minutos. Clay havia adorado a cena na época. As pessoas gritavam cada vez que o campeão dava um soco. Cassius Clay dançava e jabeava. No sexto assalto, mais parecia um toureiro cravando bandarilhas no cachaço do touro. No final do assalto, o campeão sentou-se na banqueta e lá ficou. Desistiu.
O jovem Ali sorriu ao se ver jovem, dançando pelo ringue e gritando, “Sou o rei do mundo!” Subindo nas cordas e apontando para os cronistas esportivos gritava “Engulam suas palavras”. No dia seguinte, Cassuis Clay anunciaria que não era apenas campeão do mundo dos pesos pesados, mas também um membro da Nação do Irlã. Mais algumas semanas e teria um nome nome: Muhammad Ali. E em poucos anos o menino rápido e engraçado de Louisville, Kentucky, se transformaria por seus atos em um dos norte-americanos mais eletrizantes e atraentes de sua época.
* -Para surpresa de todos aqui no Brasil, as noticias das agencias, France Press, Ansa e United Press, mostravam radio fotos da luta em que aquele jovem tinha ganhado por nocaute técnico.Começava ai a fama de um dos maiores lutadores dos pesos pesados. O nome dele é Cassius Clay e os que o conheciam de perto colocaram um apelido que o definia como “tagarela”. Ele era a partir dessa luta o campeão mundial de Box. O campeão mundial não cansava de falar, de ditar cátedra em suas entrevistas sempre diferente, mas iguais na sua auto-promoção. Cassius Clay nasceu para falar, lutar, falar, viajar, falar, colecionar vitórias, falar, viver a vida faustosa de um ídolo no pedestal.



Em 1965, ele teve uma luta que não foi muito comentada, mas teve o teipe mostrado pela TV Tupi, com comentários de Pedro Luiz e Mário Moraes, que procuravam falar pouco e deixar o teipe correr.
A vitoria de Cassius Clay era tido como certa e todos esperavam mais um nocaute. O que aconteceu foi uma autentica liçãpo de Box apresentada ao mundo pelo campeão. Clay mostrou claramente que se podia lutar Box sem ter a necessidade de colocar seu adversário no chão.Fez uma luta do começo ao fim na base de
Jabs, no rosto do adversário e golpes no fígado, baço. Sempre acima da linha da cintura. Seu adversário estava bambeando em cima do rink, e ele fazia questão de não derrubá-lo. Era talvez um recado a seus severos críticos que achavam ele um autentico criminoso querendo matar seu adversário. Com muita certeza ele queria dizer a quem pudesse interessar que o Box não era apenas ver o ser humano caído aos pés de alguem.

**-Em uma de suas afirmativas, ele foi bombástico – “Posso ser campeão durante 20 anos. Mas não quero. Ficarei apenas com o titulo por mais 10 anos, para ser sucedido pelo meu irmão. Depois dele, virá outro membro da nossa família e o cetro máximo do pugilismo não sairá mais da clã dos Clay”. É assim o singular pugilista. Manancial inesgotável para os jornalistas, é eterna notícia, com as extravagâncias de suas palavras e as atitudes invulgares de um esportista, que tem muito mais de humorista. Quando veio a noticia que jovens americanos iam ser chamados para a guerra do Vietnã, ele se converteu ao islamismo, com o nome de Muhammad Ali passou para a história com duas: “Eu sou o maior” e “Flutuar como uma borboleta, picar como uma abelha”.

* - Por se negar a ir a guerra do Vietnã, teve seu titulo mundial cassado. Ficou no ostracismo até voltar e recuperar em cima do rink seu titulo. Continuou o mesmo de antes quebrando a cara de muiat gente e falando pelos cotovelos, sua marca maior.
Como é freqüente no box, para ele, o inicio foi melhor do que o fim. Sparring de um boxeador quando começou, graças a forma física e ao excelente reflexo, logo se destacou. Mesmo assim, acabou vencido pelo próprio corpo. Muhammad Ali interrompeu sua carreira algumas vezes por causa da política e excesso de dinheiro. Em sua melhor fase, ninguém conseguia tocá-lo, por sua rapidez. Dizem que depois de derrotar Sonny Liston, Ali nunca mais foi o mesmo, mas ainda assim era melhor que qualquer outro.

Nos primeiros tempos como Cassius Clay, ele era freqüentemente atacado pelos jornalistas e outras pessoas, no entanto, com o passar dos anos, essas vozes ficaram praticamente mudas. Ele ganhava a vida batendo nas pessoas, mas na meia idade, passou a ser considerado um símbolo não só de coragem como também de amor, decência e mesmo de um tipo especial de sabedoria.
Muhammad Ali sofre de mal de Parkinson, uma doença do sistema nervoso que endurece os músculos e imobiliza o rosto numa máscara impassível. O controle motor degenera.
A fala sofre. Algumas pessoas alucinam ou têm pesadelos.Conforme a doença avança, até o ato de engolir torna-se uma provação terrível.
O Rei do Mundo continua lutando contra o mal de Parkinson. A doença, até agora, não conseguiu derrotá-lo.
Em toda a sua carreira, disputou 62 lutas e perdeu apenas 5.

Foi três vezes campeão mundial dos pesos pesados, atraindo multidões entre 1964 e 1979. Dentre todos os pesos pesados do século, Cassius Clay ou Muhammad Ali, foi um marco.
*- Texto - Mario Lopomo
** -Texto - Museu do esporte

Um comentário:

Alex Pinheiro disse...

..Belo texto sobre o maior Boxer que vi mesmo sendo pela TV..